O IBGE diz que a população jovem brasileira está engordando. Com isso, também estão aumentando os casos de bullying nas escolas.
No Brasil, uma pesquisa revelou que o bullying, a violência física ou moral dentro do ambiente escolar, tem levado cada vez mais jovens para a mesa de cirurgia. A maioria opta pela redução de estômago, mas essa não é uma operação simples. É uma cirurgia que envolve riscos e com uma recuperação lenta, que exige muito cuidado. Mesmo assim, em 2009, 5% de todas as cirurgias plásticas do país foram feitas por pessoas com menos de 20 anos.
Desde criança, a estudante Luana Hahn Correia Laranjeira sempre sofreu com as orelhas. Não por ouvir mais do que os outros, mas porque uma delas era grande demais. “Eu amarrava o cabelo, uma ficava bonitinha e a outra ficava totalmente desproporcional. Desamarrava o cabelo na hora, não saía de casa com o cabelo desamarrado, não mergulhava em piscina perto de amigos. Às vezes, as pessoas chegavam do meu lado e diziam: ‘Alô? Você é um orelhão’”, lembra Luana.
Para deixar as orelhas do mesmo tamanho, Luana se submeteu a uma cirurgia. “Não vejo a hora de mergulhar e de ir à praia. Agora estou me sentindo muito bem, realizada na totalidade que eu queria”, comemora.
“Muitas vezes a gente vê que os meninos ou as meninas mal falam com a gente no pré-operatório. Elas vem na primeira consulta. Quem acaba falando com a gente são os pais. Após a cirurgia, o comportamento dessas crianças muda totalmente. Elas são que vêm falando com a gente. O pai e a mãe acabam mal falando, exatamente por conta do ganho de autoestima que elas têm”, relata o médico Carlos Alberto Komatsu, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica regional de São Paulo.
A geladeira para a bancária Thais Moreira da Cruz sempre foi o lugar da tentação. Agora passou a ser apenas o espaço para manter a gelatina dietética gelada. Ela passou por uma cirurgia bariátrica um mês atrás. Já perdeu 12 quilos e todo alimento que ingere não pode ser maior do que a medida de meio copinho. “Só um pouquinho. Mesmo assim, devagarzinho porque, segundo meu médico, meu estômago está pequeno”, explica Thais.
É um círculo vicioso. O IBGE diz que a população jovem brasileira está engordando. Com isso, também estão aumentando os casos de bullying nas escolas. O bullying é um dos principais motivos que levam os adolescentes a procurar a cirurgia bariátrica. Os médicos não recomendam a cirurgia bariátrica, a de redução do estômago, para quem tem menos de 18 anos.
“Infelizmente o mundo é assim, e isso machuca muito. Ninguém quer namorar gordinha”, acrescenta Thais.
“Eu não consigo identificar alguma variação corporal que possa gerar mais preconceito do que a obesidade. Do ponto de vista afetivo e sentimental, tem problemas, limitações e uma baixa autoestima. São pessoas que muitas vezes são segregadas nos ambientes vários”, conta Roberto Rizzi, cirurgião da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica.
É cada vez maior o número de jovens, muitas vezes ainda adolescentes, que enxergam na cirurgia bariátrica a única solução para perder peso.
“O jovem quer soluções práticas. Como ele sabe que existe uma cirurgia disponível, ele quer isso. Ele quer rápido e para ontem”, comenta o médico Roberto Rizzi.
De copinho em copinho, Thais vai seguindo a sua dieta. Já consegue se olhar no espelho e sentir a roupa bem mais larga. “Graças a Deus venci a depressão, o pânico, voltei a trabalhar, fiz a cirurgia, estou conseguindo emagrecer, estou feliz. Minha autoestima está lá em cima. Eu estou me sentindo como fazia muito tempo que eu não me sentia”, vibra a jovem.
retirado de:http://g1.globo.com
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